Jovens Monitores no Arquivo Histórico Municipal: história viva, formação crítica

No último dia 2 de junho, jovens ingressantes do Programa Jovem Monitor Cultural (PJMC) da região norte participaram de uma formação teórica com o tema Sociologia da Cultura, promovida em parceria com o Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHM). A atividade é fruto de uma articulação entre a produção do programa e o jovem monitor continuísta Felipe Lima, que atua no equipamento e contribuiu diretamente para a realização do encontro.

A formação foi realizada no Edifício Ramos de Azevedo, sede do Arquivo desde o ano 2000, e teve como proposta apresentar aos jovens ingressantes não apenas conceitos fundamentais da sociologia aplicada à cultura, mas também inseri-los em um espaço de memória ativa da cidade. A ação integra o ciclo pedagógico que orienta o PJMC, fortalecendo o vínculo entre teoria e prática, território e história.

Atualmente, sete jovens monitores culturais atuam diretamente no Arquivo Histórico Municipal, exercendo funções que vão desde o apoio em pesquisas, mediações culturais e organização do acervo até a colaboração em exposições e atividades de educação patrimonial. “É uma experiência rica porque estamos lidando com a memória viva da cidade, com documentos que ajudam a contar as histórias que nem sempre estão nos livros”, comenta Felipe Lima.

Um patrimônio documental vivo

Fundado oficialmente em 1907, o Arquivo Histórico Municipal é o mais antigo da cidade. Sua missão é preservar, estudar e divulgar documentos de valor histórico produzidos ou adquiridos pela administração pública paulistana. O acervo reúne cerca de 4,5 milhões de documentos textuais, alguns datados do século XVI, como as Atas da Câmara de Santo André da Borda do Campo (1555-1558), consideradas os documentos mais antigos da América Latina.

Além dos documentos escritos, o AHM também guarda imagens, registros sonoros, uma biblioteca com aproximadamente 7 mil livros e uma hemeroteca com mais de 2.700 periódicos. Parte significativa do acervo está voltada à história da cidade de São Paulo, com destaque para sua administração e formação urbana. As informações bibliográficas estão integradas ao Sistema Municipal de Bibliotecas, facilitando o acesso público.

A instituição ocupa três prédios no bairro do Bom Retiro, sendo o principal o Edifício Ramos de Azevedo, antiga sede da Escola Politécnica. O espaço também abriga o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo e a Diretoria do Departamento de Preservação Histórica.

Formação para pensar a cultura

Durante a formação de Sociologia da Cultura, os jovens foram convidados a refletir sobre o papel da cultura na constituição das relações sociais, nos processos de dominação e resistência e na construção da identidade coletiva. A atividade contou com dinâmicas em grupo e trocas mediadas pelos educadores do programa, além de falas dos próprios jovens que atuam no Arquivo.

A escolha do tema não foi por acaso: pensar cultura a partir de um espaço de memória documental permite entender como as práticas culturais são registradas, selecionadas, preservadas — ou apagadas — ao longo do tempo. “Estar nesse lugar nos faz perceber como o passado e o presente se encontram. A formação ajudou a enxergar a importância de estudar cultura também como uma forma de entender o agora”, relatou uma jovem participante. A atividade reforça o compromisso do PJMC com formações territorializadas, críticas e conectadas com a atuação dos jovens nos equipamentos culturais da cidade. Nesse caso, a articulação entre jovens continuístas, coordenação pedagógica e instituição cultural resultou em uma ação formativa potente e significativa.

Jovens Monitores no Arquivo Histórico Municipal: história viva, formação crítica