
Em novembro de 2025, o Brasil será sede de um dos encontros mais importantes do planeta sobre o futuro da vida na Terra: a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). Pela primeira vez, o evento acontece na Amazônia, na cidade de Belém do Pará, colocando o Brasil no centro do debate global sobre meio ambiente, justiça climática, povos originários e soberania dos territórios.
Mas o que isso tem a ver com cultura, juventudes e o Programa Jovem Monitor Cultural (PJMC)? Tudo.
A cultura como ferramenta de resistência e transformação
A crise climática não é só um problema ambiental: é também uma questão social, cultural e política. As juventudes das periferias urbanas, ribeirinhas, quilombolas e indígenas são diretamente impactadas pelos efeitos das mudanças no clima, mas também têm sido agentes de resistência, com práticas culturais que mantêm vivas memórias, saberes e modos de vida conectados à natureza.
Jovens monitores culturais refletem diariamente sobre território, memória, identidade, sustentabilidade e ancestralidade. São formações que se entrelaçam com o debate climático. Afinal, cuidar do planeta também é cuidar das culturas que nele existem.
Para começo de conversa: o que é a COP?
A sigla COP se refere à Conferência das Partes (em inglês, Conference of the Parties), principal instância de negociação global sobre as mudanças climáticas. Organizada anualmente pela Organização das Nações Unidas (ONU), a COP reúne representantes de quase 200 países, além de cientistas, ativistas, movimentos sociais, empresas e juventudes do mundo todo.
O evento tem como objetivo central acompanhar o cumprimento da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), criada em 1992, e buscar soluções conjuntas para frear o avanço do aquecimento global.
Desde sua primeira edição, em 1995, a COP se tornou um espaço fundamental para debater e estabelecer acordos internacionais, como o Protocolo de Kyoto (1997) e o Acordo de Paris (2015), no qual os países se comprometeram a limitar o aumento da temperatura global a, no máximo, 1,5 °C.
Mais do que uma conferência entre chefes de Estado, a COP é um momento em que diferentes setores da sociedade pressionam por compromissos mais ambiciosos em relação à redução de emissões de carbono, transição energética, preservação dos biomas e justiça climática, especialmente no Sul Global.
Em 2025, o Brasil sediará pela primeira vez uma edição da COP na região amazônica. A COP30, que será realizada na cidade de Belém do Pará, deve colocar em destaque os saberes dos povos originários, a importância da floresta e o papel estratégico das juventudes e dos territórios periféricos na construção de um futuro mais justo e sustentável.
Juventudes e justiça climática
A pauta da COP30 não é só sobre grandes acordos entre governos. É, sobretudo, sobre o direito das populações mais afetadas, especialmente as juventudes do Sul Global, de estarem no centro das decisões. Em Belém, movimentos culturais, coletivos artísticos e organizações sociais já se articulam para ocupar os espaços da conferência e fortalecer a pauta da justiça climática, que entende que as consequências da crise do clima não afetam todos da mesma forma.
Essa perspectiva está presente nas ações dos jovens nos equipamentos públicos de cultura, nas formações teóricas, nos Planos de Intervenção Artístico-Cultural (PIACs) e nas rodas de conversa que atravessam o cotidiano do programa.
Território, memória e águas urbanas: juventudes em defesa de futuros sustentáveis
Entre os muitos exemplos de como as juventudes vêm atuando no cruzamento entre cultura, meio ambiente e memória coletiva, destaca-se o trabalho da jovem monitora cultural Yara Pereira da Silva, participante do PJMC. Em parceria com a educadora Heloísa Rosa, Yara desenvolveu o projeto “O Rio que Nasceu a Cidade: uma Jornada pela História do Tamanduateí”, que investiga a relação histórica, simbólica e afetiva entre São Paulo e um de seus rios mais importantes.
A partir de uma pesquisa cuidadosa no Acervo de Fotografia do Museu da Cidade de São Paulo, o material educativo produzido por Yara resgata a memória do rio Tamanduateí, um curso d’água que testemunhou o nascimento da cidade e suas inúmeras transformações. Ao trazer esse rio à tona, o projeto evidencia como a exploração dos territórios urbanos também revela disputas ambientais, sociais e culturais.
Mais do que um resgate histórico, o PIAC de Yara é um chamado à reflexão sobre como lidamos com os recursos naturais e como o processo de urbanização impactou e ainda impacta o meio ambiente e as populações que vivem nas margens (físicas e simbólicas) da cidade. Nesse sentido, sua iniciativa se conecta diretamente com as discussões da COP30, ao apontar caminhos para a educação ambiental através da cultura e para a valorização da água como um bem comum.
Ao propor um olhar jovem, crítico e sensível sobre o passado e o presente de São Paulo, Yara ilustra o papel das juventudes na construção de futuros mais justos, sustentáveis e conectados com seus territórios.
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SMC, ODS e a cultura como pilar do desenvolvimento sustentável
Na cidade de São Paulo, a Secretaria Municipal de Cultura (SMC) tem atuado de forma integrada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas, especialmente por meio de iniciativas como a Virada ODS e da incorporação dos ODS no Currículo da Cidade. A SMC participa ativamente de ações que buscam popularizar a Agenda 2030, promovendo o diálogo entre cultura, educação e sustentabilidade.
Essa atuação se fortalece com a municipalização das metas dos ODS, em articulação com outras secretarias e organizações da sociedade civil. A cultura, nesse contexto, é compreendida como um eixo estratégico para transformar realidades. Isso inclui o enfrentamento à emergência climática e a valorização das juventudes como protagonistas de novos futuros possíveis.
Formação cultural e futuros possíveis
Formar culturalmente também é formar para o futuro. Quando um jovem compreende sua história, seu território e seu papel como agente cultural, ele também está se preparando para enfrentar os desafios do presente com mais consciência e potência. A cultura é campo de invenção de futuros — e esses futuros precisam ser sustentáveis, justos e diversos.
Por isso, a COP30 é uma oportunidade para refletirmos, como sociedade, sobre o papel da cultura na construção de respostas à crise climática. E mais do que isso: é hora de escutar, apoiar e investir nas juventudes que estão na linha de frente dessa construção, inclusive aquelas que atuam em programas como o PJMC.
E agora?
Nos próximos meses, o PJMC vai propor ações, conteúdos e debates sobre juventudes, cultura e meio ambiente. Fique de olho nas redes e no site do programa para acompanhar o que vem por aí e, quem sabe, construir caminhos para fazer parte dessa agenda tão urgente e necessária.
Porque sim: a COP30 tem tudo a ver com cultura. E tem tudo a ver com as juventudes.